Fed já estaria animado para cortar juros, não fossem as tarifas de Trump, diz economista-chefe da Nomad – Money Times

Nomad aposta que Fed deve manter juros estáveis na reunião desta semana. (Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve manter os juros dos Estados Unidos (EUA) estáveis na reunião desta quarta-feira (18), diz o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori. Ele avalia que o cenário atual já permitiria cortes se não fossem as medidas tarifárias adotadas por Donald Trump.
Tanto a incerteza com as tarifas comerciais quanto com a questão fiscal estão dando o tom para a estratégia do Federal Reserve (Fed) neste momento.
“Se tirássemos do cenário tudo o que foi proposto [pelo novo governo] em termos de tarifas, imigração e fiscal, era muito provável que, neste momento, o Fomc já estaria se animando a cortar juros”, afirma Igliori em entrevista ao Money Times.
O economista destaca que a inflação está convergindo em passo lento, mas o problema é que as tarifas devem gerar pressão inflacionária. “Vão sobrar muito menos tarifas do que no Liberation Day, mas ainda tem uma pressão inflacionária contratada. Quanto? Não sabemos, mas é isso que tem motivado fortemente esse passo de espera”.
“A inflação, por enquanto, está bem comportada, mas não se sabe se isso vai permanecer”, reitera.
O comunicado e as entrevistas do presidente do Fed, Jerome Powell, reforçam essa postura de compasso de espera da autoridade monetária. “Não tem nenhum sinal que tá apontando para mudança de juros nesta reunião”, afirma.
Em relação à escalada do conflito no Oriente Médio, Igliori diz que não deve influenciar a decisão desta semana, nem as projeções que serão divulgadas, mas certamente entrarão no radar.
Além do impacto imediato no mercado de petróleo — que subiu acima dos US$ 70 o barril –, a guerra deve elevar a incerteza global e afetar o comércio internacional, com choque de ofertas.
O conflito acrescenta um grau de dificuldade para a inflação e, combinado com outros fatores, pode adiar o início de cortes dos juros pelo Fomc.
Fed vai cortar juros este ano?
Para Igliori, as incertezas do cenário atual pressionam o duplo mandato do banco central norte-americano. “Você tem, ao mesmo tempo, a inflação subindo e a atividade caindo. Fica com um instrumento que não ataca os dois”, diz.
Ainda assim, o economista da Nomad vê espaço para dois cortes dos juros este ano. “Eu acho que esse compasso de espera está chegando ao fim”.
A avaliação é de que, caso o afrouxamento monetário não seja iniciado em setembro, ele deve acontecer logo na reunião seguinte.
56,5% do mercado aposta que o banco central norte-americano deve começar a cortar a taxa dos EUA em setembro deste ano, segundo a ferramenta CME FedWatch. Outros 36,1% veem a probabilidade de manutenção nos juros.
A expectativa é que o Federal Reserve só avance com o afrouxamento após maior clareza sobre o impacto das tarifas e os desdobramentos do pacote fiscal, incluindo sua aprovação pelo Congresso.
Com esse cenário definido, os formuladores de política devem voltar sua atenção aos dados econômicos. Caso os indicadores se mantenham próximos dos níveis atuais, há espaço para um primeiro ajuste no segundo semestre. Já um segundo corte é visto com mais cautela e dependeria de uma mudança significativa nos indicadores de inflação e mercado de trabalho.
FonteMoneytimes
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