Ações da Neoenergia (NEOE3) sobem com nova notícia sobre possível OPA

As ações da Neoenergia (NEOE3) subiam 0,35% por volta das 12h40 (horário de Brasília) desta terça-feira (17), após a divulgação de uma reportagem da Veja indicando que a Iberdrola, controladora espanhola da companhia com cerca de 53,5% de participação, avalia uma possível oferta para fechar o capital da elétrica no Brasil. Ontem, a empresa encerrou o pregão em alta de 4,7%.

Segundo o Itaú BBA, que acompanha de perto a movimentação, embora o tema não seja novo e tenha sido recorrente nos últimos meses, o assunto voltou a ganhar força no mercado após a publicação da notícia. A operação, porém, enfrenta resistência da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que detém aproximadamente 30,3% das ações da empresa. Desde o início do ano, os papéis da Neoenergia acumulam valorização de 35%, sendo que, desde o último relatório do Itaú BBA que já mencionava essa possibilidade, as ações subiram cerca de 30%.

O Itaú BBA avalia que, até o momento, as discussões seguem no campo dos rumores, sem qualquer anúncio oficial, mas entende que o movimento é monitorado pelos investidores, especialmente após o fechamento de capital recente da Avangrid, subsidiária da Iberdrola nos Estados Unidos.

Em março deste ano, a holding espanhola apresentou uma proposta não vinculante para adquirir os 18,4% das ações da Avangrid que ainda não possuía, oferecendo US$ 34,50 por ação, valor que representava um prêmio de 10% sobre a média dos 30 dias anteriores ao anúncio. O desembolso estimado na operação foi de aproximadamente US$ 2,5 bilhões.

Os analistas do BBA lembram que a Neoenergia é, hoje, a empresa listada mais relevante entre todas as controladas regionais da Iberdrola. A Previ, por sua vez, possui uma participação estratégica na companhia. Dados do balanço de 2024, compilados pelo banco, mostram que a Neoenergia representa 11,80% da exposição total do plano 1 da Previ no mercado de ações. Para efeito de comparação, em junho de 2018 essa participação era de 10,56%, com um valor estimado na época em R$ 8,43 bilhões, segundo informações publicadas pelo jornal Valor Econômico.

O Itaú BBA avalia que, embora a Iberdrola tenha espaço no seu balanço para uma operação desse porte, a grande dúvida do mercado gira em torno do preço que seria capaz de convencer a Previ a aceitar uma proposta. A última movimentação similar no setor elétrico brasileiro ocorreu em março de 2023, quando a EDP Portugal fez uma oferta para adquirir os 41,3% das ações da EDP Brasil que ainda estavam nas mãos de minoritários, pagando R$ 24 por papel, um prêmio de 22% sobre o valor de fechamento anterior ao anúncio.

Preço inferior

Na avaliação dos analistas, o preço atual da Neoenergia, no maior patamar dos últimos 12 meses, pode ser visto por parte dos investidores como um sinal de que uma proposta está no radar. Mesmo assim, os cálculos do Itaú BBA indicam que o valor de mercado da companhia ainda está abaixo do preço projetado pelo consenso da Bloomberg, que sugere um prêmio de cerca de 25% sobre o fechamento de segunda-feira (16), a R$ 25,69. Considerando esse parâmetro, a Iberdrola precisaria desembolsar aproximadamente € 2,84 bilhões para comprar a participação dos minoritários.

Se isso ocorrer, o banco estima que a alavancagem da Iberdrola, hoje em 3,5 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), subiria para 3,67 vezes, tomando como base a projeção de Ebitda de € 16,49 bilhões para este ano e uma dívida líquida de € 57,18 bilhões, de acordo com o consenso da Bloomberg. Na avaliação dos analistas, esse aumento seria administrável dentro dos parâmetros financeiros da empresa.

Para a Veja, a Neoenergia disse “que desconhece o tema e não comenta sobre assuntos relacionados a seus acionistas”. A Previ, por sua vez, afirmou que não recebeu, até o momento, qualquer proposta de compra ou venda relacionada à sua participação na Neoenergia. A entidade disse que tem compromisso com a transparência, a boa governança e a defesa dos interesses de seus associados em todas as decisões de investimento.