Mais idosos se exercitam e desafiam a ideia de fragilidade na velhice

Mais idosos se exercitam e desafiam a ideia de fragilidade na velhice


O Brasil envelhece em ritmo acelerado. Em pleno junho roxo, mês dedicado à conscientização sobre a violência contra a pessoa idosa, dados e especialistas mostram que o cuidado com o corpo e a mente é tão essencial quanto o combate ao abandono.

“O envelhecimento natural reduz a lubrificação das articulações e a elasticidade muscular. Mas o corpo responde ao movimento”, afirma a fisioterapeuta Vanessa de Andrade. Mais do que estética, a prática de exercícios físicos na maturidade tem se tornado uma resposta concreta a diversas condições, como perda de mobilidade, sarcopenia, rigidez muscular.

Segundo o Censo 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu quase 60% em 12 anos, somando mais de 22 milhões de brasileiros. Essa mudança demográfica desafia políticas públicas e redefine hábitos, como a recusa de aceitar que o envelhecimento é um sinônimo de fragilidade.

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De acordo com a plataforma de gestão fitness Tecnofit, a presença de idosos nas academias cresceu 57,31%. A prática de atividade física nessa faixa etária não é apenas recomendada, mas vital: ajuda a prevenir doenças, evitar quedas, manter a independência funcional e garantir bem-estar físico e cognitivo.

A musculação é uma das principais aliadas no combate à sarcopenia, doença que compromete a massa e a força muscular. Para o educador físico Cesar Lobão, é preciso começar cedo a construir uma reserva de força.

“A partir dos 30 anos, o corpo começa a perder massa magra naturalmente e, a cada década de vida, há uma perda muscular que pode variar de 3% a 10%. Dessa forma, é preciso começar uma ‘poupança de músculos’ o quanto antes, pensando na longevidade”, disse.

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Além da força, a saúde cognitiva também agradece. Um estudo publicado pela revista The Lancet identificou o sedentarismo como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de demências, destacando a atividade física regular como forma de prevenção de até 40% dos casos.

Outras pesquisas recentes apontam que preservar a musculatura dos membros inferiores (especialmente das pernas), favorece a circulação sanguínea e, consequentemente, a nutrição e oxigenação do cérebro, protegendo contra doenças neurodegenerativas.

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Segurança acima de tudo

Envelhecer com autonomia não significa ignorar os cuidados. Especialistas recomendam atenção a quatro pilares essenciais para um treino seguro:

  • Avaliação prévia: passar por uma anamnese completa é fundamental para identificar limitações e adaptar o treino.
  • Supervisão constante: um educador físico garante a execução correta dos movimentos e o ajuste adequado dos equipamentos.
  • Controle da frequência cardíaca: monitorar os batimentos ajuda a evitar sobrecargas cardiovasculares.
  • Progressão gradual: iniciar com cargas leves e aumentar de forma segura é a chave para bons resultados sem riscos.
  • Pilates: flexibilidade, equilíbrio e autoestima

Para quem busca um método acessível, eficiente e sem impacto, o pilates é outra prática em ascensão entre os idosos. Vanessa de Andrade, fisioterapeuta e professora da atividade física, desenvolveu uma metodologia adaptada para a prática em casa, com objetos simples como cadeiras, toalhas e almofadas.

“Com movimentos de baixo impacto, como a elevação pélvica ou o alongamento lateral da coluna, já é possível notar avanços importantes. A chave está na repetição e no respeito aos limites do corpo”, destaca Vanessa. Segundo ela, o método é capaz de reverter a perda de mobilidade e a rigidez muscular. Um estudo publicado no Journal of Sports Science & Medicine apontou que a flexibilidade pode melhorar em até 40% com apenas oito semanas de prática regular.

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O impacto é físico, mas também emocional. “Quando você perde a flexibilidade, perde também a segurança nos movimentos. O medo de cair muitas vezes paralisa o idoso. O pilates, ao restaurar a confiança e o controle corporal, devolve a autonomia para essas pessoas”, afirma. Vanessa também destaca a prevenção de dores crônicas, como lombalgias, e a melhora da postura e da estabilização articular.

Junho roxo e o alerta contra a violência silenciosa

Ao lado dos avanços no cuidado físico, o junho roxo lança luz sobre uma realidade preocupante: a violência contra a pessoa idosa. Instituída pela ONU, a data de 15 de junho é um chamado global para romper o ciclo de abusos — muitos deles cometidos dentro de casa.

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“A violência contra o idoso é, muitas vezes, silenciosa e cometida por pessoas próximas, como familiares e cuidadores. Por isso, o olhar atento dos profissionais de saúde e da comunidade é fundamental para romper o silêncio e garantir proteção”, alerta Mariane Barbosa, professora de Enfermagem da Una Itumbiara.

Negligência, violência psicológica, financeira, física e institucional fazem parte do cenário enfrentado por muitos. “Cada tipo de violência traz impactos profundos na saúde física e emocional do idoso. Por isso, a escuta qualificada é essencial para o acolhimento e encaminhamento adequado”, explica Mariane.

Entre os sinais de alerta estão lesões inexplicadas, retraimento, depressão, desnutrição, abandono de medicamentos e higiene precária. O Disque 100, o aplicativo Direitos Humanos Brasil e as Unidades de Saúde são canais de denúncia e acolhimento.



FonteInformoney

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