Bancos centrais devem manter juros estáveis diante de cenário global incerto – Money Times

(Imagem: Agência Brasil)
Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 16 e 22 de junho, com projeções e comentários do economista André Galhardo.
IBC-Br confirma nova expansão da economia brasileira em abril
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou avanço de 0,2% em abril, ante uma expectativa de alta de 0,1% na comparação mensal dessazonalizada. Foi o quarto avanço consecutivo do indicador. A moderação no ritmo, frente aos primeiros meses do ano, reflete uma contribuição menos expressiva do agronegócio, setor que teve papel central na dinâmica de crescimento do primeiro trimestre. Ainda assim, a leitura segue compatível com um cenário de resiliência da atividade, sustentada por desempenhos positivos nos serviços e na indústria. Isso reforça a percepção de que o PIB do segundo trimestre pode manter trajetória levemente ascendente, ainda que em velocidade inferior à observada no início do ano.
Copom deve manter taxa de juros na reunião desta semana
Resiliência da atividade econômica doméstica e riscos inflacionários não devem ser suficientes para alterar a taxa Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que começa nesta terça-feira (17) e termina na quarta-feira (18). A despeito dos incipientes sinais de desaceleração, a economia brasileira ainda emite indícios de força adicional no segundo trimestre do ano, amparado pelo mercado de trabalho aquecido, pelo agronegócio e pela produção industrial. O crescimento, no entanto, não deve suscitar um novo ajuste na taxa básica de juros pelo Copom. Embora os riscos inflacionários ainda estejam no radar, os dados qualitativos de inflação de maio mostram boa evolução dos preços ao consumidor. Núcleos de inflação e índice de difusão mostraram desaceleração na margem. Adicionalmente, as projeções para junho e julho são relativamente benignas a despeito da aplicação da bandeira tarifária vermelha e do súbito aumento dos preços do petróleo na última sexta-feira (13). O comunicado e a ata do Copom certamente serão marcados por um tom duro que indica, inclusive, a possibilidade de retomada no ciclo de aperto monetário se os dados assim exigirem.
IGP-10 de junho acentua deflação observada em maio, com queda de 0,97%
O movimento reflete principalmente o recuo nos preços ao produtor e, de forma mais intensa neste mês, a desaceleração dos preços ao consumidor, influenciada pela perda de fôlego dos alimentos e pela retração no grupo transportes. Apesar do cenário deflacionário, o mercado deve monitorar de perto a evolução dos custos com mão de obra, elemento importante para avaliar potenciais perturbações inflacionárias oriundas do aquecimento do mercado de trabalho. A deflação divulgada nesta segunda-feira (16) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi maior que a estimativa, que era de 0,70%.
Federal Reserve deve manter os juros e a cautela na reunião desta semana
Apesar das leituras de maio dos índices de preços ao consumidor e ao produtor terem surpreendido positivamente, com desaceleração inclusive de componentes subjacentes, o ambiente ainda não oferece condições seguras para o início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve. A atividade econômica segue resiliente, com sinais de antecipação de demanda e produção, o que contribui para um cenário ainda difuso. Mesmo que os dados de varejo e produção industrial, a serem divulgados ao longo da semana, confirmem uma moderação da atividade, dificilmente serão suficientes para que o comitê antecipe o primeiro corte de juros já na reunião de julho. A decisão do Fed será divulgada na próxima quarta-feira.
Atividade na China deve mostrar melhora marginal, mas abaixo do desejado pelo governo
Os dados de maio sobre vendas no varejo, produção industrial e investimentos fixos na China devem manter o padrão recente: estabilidade com viés de moderação. A economia chinesa segue operando abaixo do esperado, ainda impactada pelos desdobramentos do pico tarifário recente e pela demanda doméstica contida. A expectativa é de avanços marginais nos indicadores, sem sinais claros de aceleração robusta, o que reforça o cenário desafiador e dependente de novos estímulos para o segundo semestre.
Decisão de juros na China: estabilidade deve prevalecer, com foco em estímulos alternativos
A expectativa para a decisão do Banco do Povo da China nesta sexta-feira (20) é de manutenção das taxas de juros. Mesmo com a atividade econômica rodando abaixo do ideal, refletida nas importações em queda e em dados internos relativamente frágeis, o ambiente externo segue pressionado pela guerra comercial com os EUA. Diante desse cenário, a autoridade monetária deve preservar o espaço de manobra nas taxas e priorizar instrumentos alternativos de estímulo, como cortes no compulsório ou ampliação do crédito direcionado, caso a desaceleração se aprofunde nos próximos meses.
Banco da Inglaterra deve optar por manter a taxa de juros em 4,25%
Apesar do encolhimento inesperado da economia britânica em abril, a autoridade monetária deve manter inalterada a taxa de juros na reunião desta quinta-feira (19). A surpresa inflacionária no último dado do IPC ainda exige cautela, especialmente em um ambiente de incerteza sobre a trajetória dos preços no curto prazo. No entanto, o fraco desempenho da atividade no Reino Unido e a forte valorização cambial nas últimas semanas podem abrir caminho para um inesperado corte de juros.
Índice de preços ao produtor alemão pode desempenhar papel relevante na política monetária dos principais bancos centrais
Apesar dos sinais consistentes de desaceleração inflacionária, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, persistem no mercado dúvidas quanto à estabilidade desse processo. A recente interrupção em cadeias globais de produção, incluindo a suspensão de atividades por parte de uma fabricante japonesa e o aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, mantêm no radar o risco de pressões inflacionárias adicionais no segundo semestre. Nesse contexto, os índices de preços ao produtor, ainda isentos de distorções conjunturais, seguem sendo instrumento-chave para a leitura prospectiva de inflação pelas autoridades monetárias.
FonteMoneytimes
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