Apostando contra a América – Money Times

A máxima de Warren Buffett sobre nunca apostar contra a América está caindo em desuso.
A economia americana ainda entrega. As empresas são produtivas, inovadoras, têm gente boa. Mas o dinheiro está saindo.
A saída líquida de capitais já é uma realidade. Fico aqui pensando: se não forem os Estados Unidos, vai ser quem?
A Europa segue estagnada. A China tropeça. Mas o mundo é grande. E o capital sempre encontra uma casa.
Desde 2008, o planeta investe como se só existisse Nasdaq. Agora, o jogo está virando.
O juro real americano subiu. O fiscal desandou. O tesouro americano perdeu seu rating. As big techs ainda carregam a bolsa nas costas, mas o cansaço é visível.
Contrariando Buffett, cresce o time dos que apostam no “Sell America”, dando combustível ao processo global de desdolarização.
Na Ásia, Indonésia, Malásia, Japão, entre outros, buscam ativamente alternativas ao dólar nas suas reservas e pagamentos.
Por quê? Geopolítica. Custo. Autonomia.
Depois das sanções contra a Rússia, o dólar virou arma. E olha que isso aconteceu ainda antes do governo Trump. Imagina agora.
E as apostas contra o dólar se multiplicam.
Esta semana, o renomado gestor Paul Tudor Jones foi direto: “o dólar pode cair 10% nos próximos 12 meses”. Segundo ele, os membros do Fed vão cortar drasticamente os juros de curto prazo. E Trump deve indicar um presidente do Fed ainda mais dovish que Powell.
Resultado? Pressão adicional sobre a moeda americana.
O mercado já sente. O Bloomberg Dollar Spot Index caiu quase 8% em 2025, o pior início de ano desde a criação do índice. E operadores de opções continuam apostando na queda.
Tudo isso acontece junto com a tal “grande rotação” dos fluxos globais. A confiança nos EUA começa a se esfarelar.
E aí está a janela.
O Brasil, apesar de tudo, aparece bem posicionado.
Temos juro real alto, empresas com valuation razoável e um mercado de capitais que amadureceu bastante nos últimos anos.
Existe uma chance real de surfarmos uma onda de valorização importante nos ativos brasileiros, com impacto real em nosso patrimônio financeiro.
O cenário otimista da WHG, uma das mais importantes empresas de wealth management do Brasil, aponta para um ganho de 69% para quem investir no Ibovespa, até o fim de 2026.
Mas, e aqui vem o alerta, isso não é convite à imprudência.
O investidor brasileiro sofre de home bias. Investe demais aqui. Por costume. Por medo. Por comodidade.
Muitas vezes, mais de 90% do patrimônio está no Brasil. Isso é insensato. Não porque o Brasil seja o problema — mas porque concentrar risco nunca é boa ideia.
Diversificar é mais do que ir para os EUA.
É pensar geograficamente.
Olhar para Ásia, emergentes não óbvios, commodities, tecnologia europeia, infraestrutura global. Explorar os pontos cegos do mercado.
A desdolarização é um aviso. Não é motivo para fechar fronteiras.
O capital vai onde é melhor tratado. Talvez estejamos prestes a receber uma visita. Mas não confunda isso com salvação nacional.
Continue diversificado. Continue fora da manada.
E, acima de tudo, continue longe do excesso de convicção.
FonteMoneytimes
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