CPI das Bets rejeita indiciamento de Virginia Fonseca, Deolane e outras 14 pessoas

CPI das Bets rejeita indiciamento de Virginia Fonseca, Deolane e outras 14 pessoas


A CPI das Bets rejeitou o relatório final apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), nesta quinta-feira, 12, por quatro votos a três. A votação marca o fim melancólico da comissão, que foi criticada por falta de foco, lobby das casas de apostas e denúncias de extorsão.

Votaram contra o relatório: Angelo Coronel (PSD-BA), Eduardo Gomes (PL-TO), Efraim Filho (União-PB) e Dorinha Seabra (União-TO). A favor: Eduardo Girão (Novo-CE), Alessandro Vieira (MDB-SE) e Soraya Thronicke.

Apesar do revés, a relatora afirmou que encaminhará as informações reunidas para órgãos que poderão abrir investigações criminais, como o Ministério Público Federal.

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A CPI enfrentou dificuldades para formar o quórum necessário para a votação de requerimentos. Na apreciação do relatório final, que pedia o indiciamento de 16 pessoas, foi permitida a votação remota.

Uma parte dos senadores contrários ao relatório compareceu à reunião marcada para a votação, embora tenham se ausentado das principais reuniões anteriores.

A principal manifestação contrária ao relatório foi do senador Eduardo Gomes. Ele sugeriu a retirada dos indiciamentos e afirmou que o funcionamento das CPIs no Congresso precisa ser revisto para evitar “xerifes”.

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“O destino de xerife de CPI tem sido o desencontro com a opinião pública e com o respeito do eleitor. Geralmente, pirotecnia, ataques diretos à honra dos outros e inconsistências nas denúncias têm sido percebidos pela população brasileira e pelo próprio eleitor como um circo que beira à demagogia e à hipocrisia”, declarou.

O senador Angelo Coronel disse ser favorável ao jogo e criticou o prazo de dois dias entre a apresentação do documento e a votação. Ele também não era presença frequente nas reuniões da CPI.

“Não me sinto confortável para votar um relatório que não li. E sou franco: sou favorável aos jogos. É uma fonte de receita, como acontece em muitos países do mundo. O resto do mundo joga. Será que nós somos errados?”, questionou.

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Essa manifestação marca uma mudança no posicionamento do senador em comparação ao que dissera no início dos trabalhos da comissão, em novembro.

“Vamos a fundo para garantir justiça, transparência e punir quem deve ser punido. Avançar com a regulamentação dessa atividade econômica, aprovada há quase um ano no Congresso e da qual fui relator no Senado, é urgente e necessária para proteger empresas, apostadores e trazer segurança para todos”, escreveu nas redes sociais.

A relatora criticou o ressurgimento dos senadores no dia da votação e reiterou sua posição crítica quanto ao impacto econômico e social das bets no Brasil. Ela afirmou que sugeriu os 16 indiciamentos com base em evidências sólidas.

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“O que foi feito foi com muita consistência. Tomamos o cuidado de indiciar apenas as pessoas cujos indícios eram robustos. Eu poderia ter indiciado mais gente, porque, mesmo funcionando apenas 130 dias, o volume de material que conseguimos captar é enorme”, destacou.

Além dos indiciamentos, o documento final apresentado por ela sugere a proibição do “jogo do tigrinho” e o reajuste anual da taxa de outorga que as bets precisam pagar para obter autorização de funcionamento.

A CPI sofreu forte pressão do lobby das apostas. Algumas reuniões tinham mais representantes e advogados das bets do que senadores.

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A fase inicial dos trabalhos foi marcada por acusações de extorsão e pela atuação de senadores da “bancada das bets”, liderada pelo piauiense Ciro Nogueira (PP). A balança pendeu para o lado das casas de apostas. As maiores do mercado ficaram livres de quebras de sigilos financeiros e acabaram blindadas.

O declínio da comissão se acentuou após a denúncia de que um lobista ligado a Soraya Thronicke estaria se apresentando a empresários ligados a empresas de apostas para oferecer blindagem.

A suposta tentativa de extorsão teria ocorrido com o empresário piauiense Fernando Oliveira Lima, do grupo OIG Gaming. Ele é próximo do senador Ciro Nogueira, que atuou para protegê-lo.

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A relatora alegou conflito de interesses e pediu a retirada dele da comissão. O senador reagiu: “senadora acusada de auxiliar lobista a extorquir investigado não tem credibilidade”, disse ao Estadão.

A comissão de inquérito começou em 12 de novembro de 2024 e foi prorrogada em 30 de abril. O novo prazo final é 14 de junho. A relatora tentou nova prorrogação, mas o pedido não foi apreciado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Manobra quase derruba votação

Os senadores contrários ao relatório manobraram para que não houvesse a quantidade mínima de seis votos necessários para que o documento fosse considerado votado. Sem o quórum, pediram o encerramento da sessão.

Após um período de suspensão, o senador Alessandro Vieira registrou seu voto. Com isso, os senadores contrários ao texto tentaram articular mais apoios contra os pedidos de indiciamento, e o senador Efraim Filho, pró-bets, também registrou seu voto.

Ciro Nogueira é suplente da comissão e não teve direito a voto.



FonteInformoney

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