pré-candidato ao Senado, Derrite deve antecipar saída da Secretaria de Segurança
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), deve deixar o cargo antes do prazo legal de desincompatibilização, previsto para abril de 2026. A saída, articulada com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve ocorrer até dezembro deste ano e será apresentada como uma estratégia para que Derrite reassuma o mandato de deputado federal e avance em seu projeto de candidatura ao Senado.
A informação foi publicada inicialmente pela Folha de S.Paulo e confirmada pelo Globo. A decisão conta com o apoio do Progressistas, partido ao qual Derrite se filiou recentemente, em um evento que contou com a presença de Tarcísio e de lideranças nacionais da direita.
Aliado próximo do governador e já declarado pré-candidato ao Senado, Derrite também é cogitado por setores do PP como eventual nome ao Palácio dos Bandeirantes, caso Tarcísio dispute a Presidência da República. Oficialmente, ele nega:

— Não pretendo concorrer ao cargo de governador do Estado de São Paulo, até porque estou 100% alinhado com o governador Tarcísio de Freitas. Ele é candidato à reeleição, já afirmou isso algumas vezes. Sendo ele candidato, estou muito feliz e honrado por ter meu nome, especialmente indicado por ele, para disputar uma vaga no Senado nas eleições do ano que vem — afirmou Derrite há três semanas.
Caso Tarcísio decida concorrer à Presidência, o nome mais provável para disputar o governo paulista com seu apoio é o do secretário de Governo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Apesar da resistência de setores mais conservadores em São Paulo, Kassab mantém boa relação com Derrite, tendo inclusive participado de sua filiação ao PP e feito elogios públicos.
A aceitação de uma possível aliança entre PP e União Brasil, via federação, dependerá de articulações nacionais, que podem incluir, inclusive, a vaga de vice em uma eventual chapa presidencial de Tarcísio.
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A substituição de Derrite ainda não está definida, mas o nome mais cotado para a vaga é o de Marcello Streifinger, atual secretário da Administração Penitenciária. Ele é visto como um quadro técnico, com bom trânsito na área e sem pretensões políticas.
Em nota, o governo de São Paulo afirmou não haver previsão de mudanças na Secretaria de Segurança e elogiou a gestão de Derrite:
“Desde o início da atual gestão, a política de segurança pública no estado tem apresentado resultados concretos, evidenciados pelos indicadores de criminalidade. Índices como homicídios e roubos, por exemplo, apresentam quedas históricas”, diz o comunicado.
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Crises no governo
A gestão de Derrite foi marcada por episódios de violência policial e declarações polêmicas que geraram desconforto dentro do governo, especialmente no final de 2024. Embora os índices de homicídios e roubos tenham caído, a letalidade policial aumentou.
A crise se intensificou com a morte do delator do PCC, Antônio Gritzbach, e outros episódios de violência, como o caso em que agentes jogaram um homem de uma ponte.
Em dezembro, durante evento com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, o governador reconheceu excessos na condução da segurança:
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— A gente percebe que, às vezes, as receitas tradicionais — ‘vamos aumentar o efetivo, investir em tecnologia, valorizar as carreiras’ — são insuficientes. Nosso discurso tem peso. E, às vezes, se erramos no discurso, damos um direcionamento errado, que traz consequências — afirmou Tarcísio.
Apesar das tensões, há um empenho entre aliados do governo em negar atritos entre o secretário e o governador.
— Tudo invenção — minimizou Ciro Nogueira (PP).
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Nas redes sociais, o próprio Derrite reafirmou seu alinhamento com o governador e assumiu a possibilidade de deixar o governo antes de abril de 2026:
— Não está definido. Existe, sim, a possibilidade (de uma saída antecipada), mas seria para reassumir o mandato de deputado federal, cargo para o qual fui eleito.
Interlocutores do Palácio dos Bandeirantes também minimizaram as crises. A uma liderança ouvida pelo Globo, Tarcísio teria negado qualquer desconforto com o secretário em reunião ocorrida neste sábado.
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A expectativa é de que ambos caminhem juntos nas eleições de 2026, em uma coligação de centro-direita.
FonteInformoney
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