Sócio da Mantaro analisa possível IPO da Bradesco Seguros e a reestruturação do banco

Sócio da Mantaro analisa possível IPO da Bradesco Seguros e a reestruturação do banco



sddefault Sócio da Mantaro analisa possível IPO da Bradesco Seguros e a reestruturação do banco


No episódio mais recente do programa Stock Pickers, Lucas Collazo, especialista institucional da XP, e Matheus Guimarães, analista de financials da casa, receberam Pedro Gonzaga, sócio e analista da Mantaro Capital, para debater os rumos do Bradesco (BBDC4) — especialmente no que diz respeito à representatividade da seguradora do banco e o processo de reestruturação da instituição. Gonzaga não escondeu sua visão positiva sobre o braço de seguros da companhia, que hoje representa uma fatia relevante do resultado do grupo financeiro.

“A seguradora deveria ser diluída com o tempo, com a melhoria da rentabilidade do negócio bancário em si. Esse é o plano de voo”, afirmou Gonzaga, ao ser questionado sobre o peso da Bradesco Seguros no balanço do banco. Segundo ele, a seguradora, que historicamente representava cerca de 30% do lucro, hoje responde por cerca de 50%.

Collazo acrescentou que a operação de seguros do Bradesco é, atualmente, uma das mais bem posicionadas do mercado. “Em saúde, é o maior plano em termos de negócio mesmo. Tem plano dental, capitalização, seguro de vida e de automóveis. São várias linhas muito rentáveis”, destacou.

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Alternativa estratégica

A possível listagem da Bradesco Seguros voltou ao radar dos analistas como uma opção para destravar valor para os acionistas. Gonzaga comentou que há especulações recorrentes sobre essa estratégia, em linha com o que Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa Econômica Federal fizeram no passado. “Se a Bradesco Seguros fosse listada com os múltiplos de uma Porto Seguro (PSSA3) ou Caixa Seguridade (CXSE3), seria mais do que o Bradesco negocia hoje”, avaliou.

Matheus Guimarães resgatou o caso do Banco do Brasil, que em 2013 abriu o capital da BB Seguridade e viu seu valor de mercado subir significativamente. No entanto, apontou que a operação gerou consequências. “Na época, o então CEO Cafarelli dizia: ‘Foi bom, destravou valor, mas passo o resto da minha vida entregando 30% do lucro lá’. Então, é um movimento que precisa ser muito bem pensado”, pontuou.

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Gonzaga também ponderou: “É o tipo de ação que gera valor no curto prazo, mas cria um novo passivo — o grupo de minoritários. Hoje, a seguradora entrega um ROI alto, próximo aos níveis históricos, e com mudanças nas práticas de pagamento de sinistro que apenas se alinham ao mercado, sem comprometer os resultados.”

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Turnaround divide opiniões

A reestruturação do Bradesco é um dos temas que mais dividem opiniões no mercado. Gonzaga, ao ser provocado por Collazo, explicou como a Mantaro enxerga esse tipo de situação. “A gente exercitou otimismo, inclusive no ano passado. Chegamos a ter uma posição comprada no banco. Subiu bastante, e depois entendemos que a melhora não era tão persistente, então saímos”, relatou.

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Segundo ele, a Mantaro está reavaliando sua postura e cogita voltar a ter uma visão mais construtiva sobre o Bradesco. “Cada caso é um caso. Já estivemos comprados, e estamos discutindo se vale a pena hoje. Tem situações que são muito difíceis e outras nem tanto”, afirmou.

Itaú versus Itaúsa

O papo também avançou para uma comparação que sempre desperta interesse entre os investidores: Itaú (ITUB4) versus Itaúsa (ITSA4). O chamado holding discount voltou a ganhar destaque, com um dos maiores níveis já registrados. “Hoje, estamos com um desconto de cerca de 25%. A gente é investidor de Itaúsa, não de Itaú. Vemos com bons olhos esse desconto, mas ficamos frustrados quando ele não fecha”, comentou Gonzaga.

Segundo ele, a escolha por Itaúsa está ligada à lógica de longo prazo. “Quanto mais você encurta a janela, mais relevante se torna o fechamento ou abertura do desconto. Mas, para quem carrega Itaúsa ao longo do tempo, com dividendos e crescimento de valor patrimonial, ela tende a ser mais rentável”, disse.

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Gonzaga ressaltou que o mercado brasileiro possui outras holdings com desconto elevado, o que sugere uma “certa ancoragem”. Ainda assim, admitiu que, no caso da Itaúsa, “não há um motivo fundamental claro” para justificar um deságio tão expressivo no momento.

Oportunidades e riscos

Ao final do episódio, Gonzaga reforçou que a análise da Mantaro sobre oportunidades no setor financeiro é sempre caso a caso. “A gente não tem aversão ao risco de turnaround, mas precisa entender bem o risco, o retorno e a simetria de cada tese. Fizemos isso na Cielo, estamos discutindo no Bradesco. Em outros, como IRB, preferimos ficar de fora”, afirmou.

Com a combinação de uma seguradora rentável, uma estratégia de reestruturação em andamento e ativos descontados como Itaúsa, os analistas demonstraram que o setor financeiro segue oferecendo oportunidades — desde que o investidor tenha paciência, visão estratégica e boa leitura dos ciclos.

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“Tem comprador e vendedor para tudo. Mas nem sempre vale a pena tentar pegar a primeira pernada de alta. Às vezes é melhor esperar para ver o que se consolida de fato”, concluiu Gonzaga.



FonteInformoney

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